Aterro industrial contamina lençol freático
em SP
Contaminação dos lençóis freáticos
em Santo Antônio de Posse, na região de Campinas, no interior
de São Paulo. Catorze anos depois de o Aterro Industrial Mantovani
da cidade ter sido desativado por falta de segurança, a contaminação
do lençol freático por resíduos tóxicos
ultrapassou os limites da área de 20 mil metros quadrados do
local e chegou a um sítio vizinho. Segundo a Companhia de Tecnologia
de Saneamento Ambiental (Cetesb), o monitoramento mostrou, pela primeira
vez, que o solvente orgânico 1,2 - dicloroetano - encontrado nos
poços dentro do aterro - alcançou o lençol freático
no Sítio Santa Adélia.
A amostra foi recolhida no mês passado. Em altas concentrações,
como é o caso, a substância é cancerígena.
Os técnicos encontraram 40,3 microgramas por litro, índice
quatro vezes superior ao tolerado pela Organização Mundial
da Saúde (OMS). A ingestão da água subterrânea
contaminada pode causar problemas nos rins, no intestino e nos sistemas
nervoso central, respiratório e cardiovascular, segundo a Cetesb.
O Ministério Público Estadual determinou que as 56 empresas
que depositaram lixo industrial no lugar apresentem um plano de recuperação
ambiental da área e dividam seus custos. O dono do aterro (desativado
em 1987), Waldemar Mantovani, já foi condenado numa ação
civil pública pelos danos ambientais. Segundo o engenheiro Hélio
César Nascimento Ungari, gerente da Cetesb em Campinas, o aterro
foi aberto em 1974 para receber resíduos da indústria
de reciclagem de óleo lubrificante. Depois, passou a atender
a indústrias de diferentes segmentos, que depositavam substâncias
perigosas para o meio ambiente e a saúde. Em 1986, vistoria da
Cetesb detectou a contaminação da água subterrânea
e, no ano seguinte, o aterro industrial foi desativado. O mau acondicionamento
dos restos tóxicos nas valas levou à contaminação
do meio-ambiente. O proprietário foi advertido três vezes,
multado cinco e processado, mas nada foi feito para recuperar a área.
A Cetesb tem monitorado a área, checado a qualidade da água
do lençol freático, dos poços dos quatro sítios
vizinhos e dos três cursos d'água mais próximos,
mas o proprietário do aterro não tomou qualquer providência.
Agora que os poluentes chegaram ao sítios vizinhos a Cetesb pretende
desenvolver uma ação conjunta para recuperação
do local. O engenheiro Ungari afirmou que serão necessárias
barreiras hidráulicas para eliminar a contaminação.
"A água é retirada e tratada, mas precisamos fazer
um plano de custos e de ação. Os promotores querem o rateio
dos custos com os empresários", afirmou. Nos últimos
cinco meses o proprietário do aterro foi multado em R$ 140 mil.
Fonte: Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental
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